Miguel Bastos: «é a oportunidade de devolver a Torre da Alfândega aos vimaranenses»
O engenheiro civil Miguel Bastos defende que a polémica gerada em torno da propriedade da antiga Torre da Alfândega em Guimarães, onde está a inscrição «Aqui nasceu Portugal" devia servir para "devolver a Torre da Alfândega aos vimaranenses".
Numa entrevista concedida à Rádio Santiago, aquele entusiasta da criação de um centro interpretativo no imóvel correspondente à antiga Torre da Alfândega assumiu: "de questões jurídicas percebo pouco e nem tenho acesso aos documentos, o que sei é que a torre é propriedade privada. Se é de um ou de mais do que um, não sei a certeza, mas gostava de saber e hei-de saber. O que me parece óbvio e gritante é que no século XXI a torre da alfândega devia ser da população, do Estado, da Câmara… Não devia ser propriedade privada. A última torre que resta das muralhas, um postal turístico da Cidade, pertencer a um privado?… É contra isso que tenho lutado, com outras pessoas e instituições".
Ao tomar conhecimento de que "o edifício que incluía a torre ou parte da torre foi vendido recentemente", Miguel Bastos admitiu: "entristece-me que não tenha sido na altura exercido o direito de opção para a aquisição da torre, não digo as casas todas. Mas, estamos sempre a tempo de remediar e espero que esta polémica que tem vindo à liça permita que se consiga finalmente devolver a torre aos vimaranenses".
No seu entender, apenas permitir o acesso ao pátio superior "é muito pouco… É algo interessante, mas a torre em si (um quadrado com 14X14 metros que está lá implantado) devia ser totalmente reabilitada e devolvida à população.
"Numa cidade Património Mundial, a torre não ser dos vimaranenses não cabe na cabeça de ninguém", manifestou, reiterando: "estamos sempre a tempo de conseguir que esse imóvel seja adquirido pelo Estado, reabilitado e devolvido à população. Há sempre mecanismos de negociação com os actuais proprietários ou através de expropriação para que a torre seja devolvida, digo, a torre não é um acesso à parte de cima, isso é muito pouco ou quase nada!"
Incansável na divulgação do que resta e do que era Guimarães com as suas muralhas e torres, tendo orientado diversas visitas aos monumentos, Miguel Bastos assinala que "a torre não era, coberta e albergava uma estrutura de madeira interior que permitia o acesso aos ditos vãos".
E por isso, que rematou, afirmando: "apetece-me lançar um grito e dizer: 'devolvam a torre ao povo, porra!'"
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