VÍDEO: Presidente das Nicolinas afirma: "O Pinheiro é para quem sente!"
É já amanhã. O ritual vai cumprir-se uma vez mais e muitas dezenas de milhares de nicolinos - e curiosos - vão inundar as ruas de Guimarães para uma noite que promete ser longa e ruidosa. O cortejo do Pinheiro há-de começar por volta das 23h00 no Cano, junto ao campo de S. Mamede. Rui Leite, Presidente das Nicolinas, afirma: "O Pinheiro é para quem sente!"Vão ser as melhores Nicolinas de sempre?
É esse o nosso objectivo. Fazer melhor que no ano passado e preparar para o próximo ano ser ainda melhor do que este.
Que dificuldade estão a encontrar na organização deste ano?
Está mais complicado nos peditórios, porque as pessoas dão menos dinheiro. Por isso temos que fazer mais vezes. De resto, na organização das Festas está tudo a correr bem.
Já faltam poucos dias para o início. Ainda há muito trabalho pela frente?
Ainda. Há muitas coisas que se vão atrasando. Os peditórios ocuparam-nos muito tempo. Agora temos que fazer os enfeites para os vários cortejos, porque de resto está tudo mais ao menos bem encaminhado. As partes burocráticas estão todas tratadas.
Que mensagem é que deixa para quem vai participar no Pinheiro, que é aquele que leva mais gente?
Isto pode ser mal entendido, mas metade das pessoas que vão, por favor fiquem em casa. O Pinheiro é para nós e para quem sente! Não é para estar lá a brincar. Aquilo não é uma romaria! Romarias tem as Gualterianas. Quem sente as Nicolinas é sempre bem-vindo, quem vai lá para chatear que fique em casa.
Até porque o Pinheiro é apenas o número que anuncia o início das Festas Nicolinas…
A definição do Pinheiro é o "mastro anunciador das Festas. O Pinheiro não é um festa. O Pinheiro serve para anunciar que as Festas vão começar. O Pinheiro está erguido no centro da cidade para que as pessoas saibam que as festividades em honra a S. Nicolau começaram.
Infelizmente o Pinheiro perdeu-se um pouco. Eu não sou do tempo em que o Pinheiro era uma coisa a sério. Tenho 18 anos, vou ao Pinheiro há dois ou três anos, e agora é uma romaria. Os comboios chegam a Guimarães cheios e as pessoas vêm ao Pinheiro como vão aos enterros da gata ou às queimas das fitas.
Não me importo nada de ter 50 mil pessoas de lado a olhar, mas que não interfiram.
E há algum conselho que quer deixar a quem vai participar?
Quem não sabe beber que não beba. Aqueles que se conseguem controlar, muito bem, os outros que não sabem beber, que não bebam, porque depois é difícil 10 jovens, entre os 16 e os 18 anos, controlarem uma multidão de 120 mil pessoas - como foi no ano passado -, todos com os copos. Chegámos a um grupo de pessoas que tinham idade para serem nossos pais e ofereceram-nos porrada de baquetas. É complicado.
Este ano há um acontecimento, a morte de Rui Castro, antigo membro da Comissão. Haverá alguma homenagem?
Homenagem, cada um faz a sua e da forma como quer. Acho a homenagem principal é fazermos tudo bem, como sempre foi feito. Esqueçam a ideia do lenço preto. Essa é das maiores barbaridades nicolinas que já ouvi. O traje é a camisa branca, o lenço tabaqueiro, a mitra, calça preta e sapato preto. Jamais vamos usar um lenço preto. Nem era certamente isso que ele quereria, mudar a nossa tradição.
Entrevista publicada n' O Comércio de Guimarães, na edição de 25.11.2015