Situação financeira da Sociedade Martins Sarmento gera discórdia na Assembleia Geral

A situação financeira da Sociedade Martins Sarmento gerou controvérsia, ontem à noite, na Assembleia Geral da Instituição. Na reunião foi apresentado o relatório elaborado por cinco sócios com o intuito de fazer o diagnóstico do estado financeiro da instituição. O documento aponta para a existência de um passivo de 800 mil euros.
A Direcção da Sociedade, presidida por Amaro das Neves, refutou os números apresentados, indicando que as dívidas ascendem a 140 mil euros.

Os autores do relatório alegaram a insuficiência de informação para o esclarecimento da situação financeira, detectando um desequilíbrio entre as receitas e as despesas, deparando-se ainda com a falta de documentação, como o Plano e Orçamento e Relatórios de Contas dos últimos dois anos, e as actas das reuniões de direcção. Uma falha que foi admitida pela Direcção, justificada com a indefinição da situação da Sociedade Martins Sarmento, em resultado da criação da Fundação Martins Sarmento.

Amaro das Neves lembrou que a Fundação foi criada quando Isabel Pires de Lima era Ministra da Cultura, com garantias que o Ministro que a sucedeu não assumiu, inviabilizando o projecto definido para a instituição.
Com efeito, a Fundação criada por decreto-lei, tendo como fundadores o Governo, a Câmara de Guimarães e a própria Sociedade Martins Sarmento, assumiu todo o património da instituição centenária, ficando a Sociedade com a responsabilidade pelo pessoal.

Para os autores do relatório, o aparecimento da Fundação Martins Sarmento está na origem da confusão entre as fronteiras de uma e outra instituição, apontando a existência de uma centralização da vida e gestão da Sociedade Martins Sarmento na figura do Presidente da Direcção.

Amaro das Neves que nos últimos meses esteve afastado da Direcção por motivos de saúde, declarou que a criação da Fundação Martins Sarmento foi a solução encontrada para resolver o problema recorrente do financiamento da Sociedade, pedindo aos sócios contributos para a instituição seguir em frente com dignidade.

O Presidente da Direcção da Sociedade Martins Sarmento considerou o relatório apresentado pela comissão revela a existência de um “projecto de tomada de poder, legítimo”, dado que se realizam eleições em Março.
A comissão que elaborou  o relatório fez questão de assinalar que o documento é um contributo com o propósito de “salvar a situação”, fazendo o diagnóstico com base nos documentos encontrados.

Numa Assembleia Geral muito concorrida, com o salão nobre da Sociedade Martins Sarmento lotado, a discrepância das informações reveladas deixou muitos sócios baralhados, dado que não foi apresentada qualquer solução para os funcionários da instituição que estão com cinco meses de salários em atraso.



Marcações: Cultura

Imprimir Email