Rubrica «Bons Pais, Bons Filhos»: O drama das birras

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Gritar, chorar, pontapear, espernear, gesticular, rebolar no chão, atirar brinquedos e objetos… Estes são alguns dos comportamentos do seu filho que o deixam à beira do desespero!
Vamos falar das ruidosas e embaraçosas birras, e como pode lidar com elas, de modo a transformá-las numa oportunidade para o desenvolvimento saudável do seu filho.

Apesar do desânimo e impaciência que geram nos pais, as birras fazem parte do desenvolvimento normal da criança! Não são mau comportamento, são emoções fora do controlo!

Procura de atenção, frustração, cansaço, fome ou doença podem estar na origem das birras!

Surgem por volta dos 2/3 anos, e tendem a desaparecer por volta dos 5/6 anos!
Mas atenção…! O drama das birras pode prolongar-se se o seu filho aprender que com as birras consegue aquilo que quer!
A tarefas dos pais é ensinar ao seu filho outras formas de expressar as suas necessidades, a lidar com a frustração, a respeitar regras e limites, e a saber esperar!

Ceder é palavra proibida! 
Seja porque se sente culpado por não passar muito tempo com o seu filho, seja porque ele se tem portado muito bem ultimamente, ou porque você está a morrer de vergonha… 
Ceder nunca é o caminho!
Ao ceder está a passar a mensagem que as birras são aceitáveis para a criança ter o que deseja, o que levará a novas birras, cada vez mais difíceis de controlar!

Esqueça castigos e sermões! 
Tentar chamar o seu filho à razão durante a birra é gastar energias em vão! Qualquer discussão neste momento apenas vai encorajar a birra!

Mentir ao seu filho para evitar uma birra, invalidar as suas emoções, entender as birras como algo pessoal, rebaixar o seu filho com frases “não tens vergonha de ser assim”, ou usar a punição física são atitudes a evitar! 

Então o que fazer?
Existem algumas estratégias simples que pode utilizar durante uma birra:
1. Mantenha sempre a calma e não eleve o seu tom de voz.
2. Ignore a birra até o seu filho se acalmar – não responda e não olhe para ele! Pode mesmo ser necessário afastar-se dele!
3. Se o seu filho estiver a bater em alguém, segure-o e não lhe fale até ele se acalmar.
4. Tenha atenção às suas necessidades básicas: sono, fome e cansaço são fatores que contribuem para as birras!
5. Muito importante: Mantenha sempre a sua palavra – não é não! Ao não ceder à birra do seu filho está a ensinar-lhe que existe um tempo para tudo, e que existem regras e limites que têm de ser respeitados!
6. Por fim, após a birra terminar, converse com o seu filho sobre o que se passou, e as consequências de futuras birras!

Se a birra é incontrolável, aumenta de frequência, duração e intensidade, a criança magoa-se ou magoa outras pessoas, faz birras na escola, destrói objetos e brinquedos, pode ser sinal que precisa de ajuda de um profissional. 
Do mesmo modo, a total ausência de birras é também um sinal de alarme!

Por fim, não se esqueça:
As birras são inevitáveis, o segredo está na forma de lidar com elas!

Cristiana Fernandes, Psicóloga do CAFAP do Centro Juvenil de S. José

 


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