Rubrica «Bons Pais, Bons Filhos»: Como as discussões dos Pais também afetam os filhos

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O nascimento de um filho, se for visto como o maior projecto que um casal quer assumir, é uma prova de fogo para a maioria dos casais. Com as novas rotinas, responsabilidades e tarefas, o surgimento de conflitos no casal é quase inevitável.
Todos os casais discutem, mas nem sempre os desentendimentos têm impacto nos mais pequenos. Os problemas a sério começam quando as discussões, mesmo que pequenas, se tornam um hábito, ou então, mais intensas e mal resolvidas, como por exemplo, quando o casal grita, manifesta raiva diante dos filhos, ou um elemento do casal ignora o outro constantemente. O simples facto de se ignorarem ou deixarem de se respeitar, também coloca em risco o desenvolvimento emocional, social e comportamental dos filhos.

A vontade de que tudo dê certo com os nossos filhos é grande, mas não nos podemos esquecer que cada casal possui as suas particularidades, que podem gerar discussões, como por exemplo: ciúmes; as amizades do parceiro; foco excessivo no trabalho; falta de intimidade e atenção na relação; questões financeiras; tarefas domésticas; indisponibilidade para discutir problemas; interferências familiares; limites, regras e questões relacionadas com a educação dos filhos.

Estas discussões podem ter consequências na vida e desenvolvimento das crianças, como por exemplo:
- Problemas do sono, ansiedade, depressão, autoagressão, problemas escolares e consumos de substâncias;
- Sentimentos de culpa, medo que os pais se separem, agridam ou medo de serem agredidos pelos pais.

As crianças observam tudo à sua volta! Fique com algumas estratégias que podem ajudar a evitar as discussões e a interpretação que as crianças fazem delas:
- Resolver os conflitos com respeito e não centrar a culpa no outro;
- Colocar-se no lugar do outro, para o tentar compreender;
- Perceber que os nossos atos influenciam o comportamento negativo do outro;
- Encontrar tempo para o casal, através de gestos simples como dar as mãos, abraçarem-se, um jantar a dois, ou dizerem três coisas que admiram ou apreciam no seu parceiro;
- Dividir tarefas domésticas e serem responsáveis por manter a casa e os pertences em ordem;
- Respeitar a individualidade, a liberdade, gostos e interesses de cada um;
- Elaborar um mapa mensal com despesas familiares e dialogar sobre a sua boa gestão;
- Não desvalorizar quando o outro diz “não se passa nada”. Evite um sofrimento silencioso ou uma explosão de emoções por algo com pouco significado, dialogando com o parceiro;
- Procurar ajuda de profissionais para que o casal possa ultrapassar os desafios da relação, de forma saudável e consciente;
- Perceber que todos temos uma história para contar e viver e que todas nos ensinam algo novo.

Nem sempre conseguimos controlar e evitar discussões diante dos filhos. Explique-lhes que é importante aprender a discutir com respeito, para melhorar as relações e encontrar soluções para os problemas.

Por último, três notas importantes:
1ª. A desarmonia do casal influencia o bem-estar dos filhos, os comportamentos e relações futuras;
2ª. Não há relacionamentos perfeitos e as discussões vão surgir pelos mais variados motivos;
3ª. A parentalidade e a conjugalidade precisam de ser cuidadas e nutridas.

Tiago Borges, Diretor Executivo do Centro Juvenil de S. José

 


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