VÍDEO: Ponte do Arco une Guimarães e Felgueiras e encobre sombras das descargas suspeitas no rio Vizela
A água não é cristalina, mas os mergulhos no rio Vizela são habituais a poucas centenas de metros do local onde ainda nem há uma semana foram captadas imagens de mais uma descarga suspeita da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Serzedo.
O líquido castanho espalhou-se com a corrente e deixou sombras no leito do rio Vizela que, graças à pureza da água a montante da ETAR, consegue lentamente regenerar-se.
A ponte do Arco é um elo de união, na margem direita é Guimarães e do lado esquerdo, onde não passa despercebida a Casa do Moinho, é Vila Fria, já em território de Felgueiras, na rota de passeios e itinerários culturais que durante a pandemia inspirou um grupo de cidadãos - Juntos pelo Arco - a limpar e a valorizar as margens do rio Vizela. A iniciativa de cidadania participativa tem sido acompanhada de uma proximidade mais atenta à qualidade visual do caudal.
A descarga suspeita da ETAR já levou o Município de Vizela a anunciar um possível boicote às eleições presidenciais do próximo ano e a exposição do assunto às instâncias europeias. Já o deputado do PS Luís Soares quer ver os responsáveis da Águas do Norte e da Agência Portuguesa do Ambiente numa audição na Assembleia da República.
Efectivamente, a água do rio Vizela tem um antes e um depois da ETAR de Serzedo, bastando espreitar sobre a ponte na EN 101 e contemplar a limpidez do caudal, lado a lado com as condutas do sistema de despoluição que encaminham os efluentes para a estação de tratamento.
A Águas do Norte reitera que não ocorreu "qualquer anomalia" no funcionamento da Estação, garantindo que há um cumprimento integral, e em permanência, do Título de Utilização de Recursos Hídricos que foi emitido pela APA – Agência Portuguesa do Ambiente.
Porém, na centenária ponte do Arco, as sombras facilmente se identificam na água e não escondem a beleza do lugar, onde o açude e a Casa do Moinho são vestígios da importância do rio para a sobrevivência humana.
Tal como a ponte romana do Arco, que ao longo dos séculos serviu de ligação entre o litoral e o interior do País e que espera uma intervenção que a dignifique e trave a derrocada que já começou... Neste que poderia ser um maravilhoso refúgio de Verão.
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