VÍDEO: Apicultor de Polvoreira declara guerra às vespas asiáticas para proteger abelhas
"Ainda estamos muito no início, com a queda da folha vai ser o boom do aparecimento de ninhos de vespas". O aviso é deixado por Hilário Araújo, apicultor, residente em Polvoreira, que por sua conta e risco assegurou a eliminação de 130 ninhos de vespas em 2018 e já soma três dezenas este ano.
No final de Setembro de 2014, foi um dos produtores de mel do Concelho que alertou a Câmara Municipal de Guimarães para as repercussões que antevia deste fenómeno, mal surgiram os primeiros ninhos na região.
"Os ninhos estão a preparar a vespa fundadora para o próximo ano", sustentava na ocasião, mantendo cinco anos depois a mesma preocupação. "Infelizmente, o que temia aconteceu. De ano para ano surgem mais ninhos porque cometeram-se os mesmos erros verificados em França. Os planos de intervenção deveriam ser centrados nas freguesias porque assim a actuação poderia ser mais rápida, com mais proximidade. A eliminação dos ninhos deveria ser mais célere. Se uma Junta de Freguesia tivesse um núcleo a trabalhar seria capaz de actuar mais rapidamente e haveria menos vespas fundadoras e isso teria de ser em todo o País", acrescentou, realçando que procede à eliminação dos ninhos de vespas para proteger as suas colmeias, atendendo aos pedidos e apaziguando os receios de quem identifica nas imediações de habitações os temidos ninhos.
"Não posso, nem consigo atender a toda a gente! São muitos pedidos! Faço-o por amizade e ética porque resido em Polvoreira, porque a responsabilidade não é minha. Só tenho meios para atingir ninhos que estão a 20 metros de altura", esclarece, enquanto explica, ao pormenor, a acção das vespas asiáticas junto das colmeias que possui, sabiamente posicionadas num monte na confluência de Polvoreira com Infias.
"As vespas cercam as abelhas, elas apresentam-se de costas voltadas para as colmeias à espera que cheguem as abelhas - neste caso as campeiras - que regressam da colheita do pouco pólen existente na natureza. Tentam capturar as abelhas que chegam e não deixam sair as que estão lá dentro, fazendo com que o ninho fique parado", descreve, apontando para as características diferenciadoras daqueles insectos. "Cada vespa pode chegar a capturar 10 abelhas por dia", alerta.
"Para além de capturar as abelhas que tentam entrar na colmeia, as vespas não deixam as abelhas trabalhar, e os ninhos não funcionam, as "rainhas" páram a postura, não há a renovação. A 'rainha' aumenta ou diminui a criação consoante a entrada de néctar. Como neste momento não há qualquer entrada de néctar e pólen, as 'rainhas' param a postura, diminuindo a quantidade de criação necessária para passar o Inverno", prossegue, ao revelar que está a fornecer alimentação artificial "para as 'rainhas' conseguirem fazer postura para passarem o Inverno e evitar o colapso da colmeia".
Excerto do artigo que é publicado na íntegra, na edição desta quarta-feira do jornal O Comércio de Guimarães.
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