Reunião do Executivo: Oposição lamentou demora na instalação de creche no Seminário do Verbo Divino
"Os vimaranenses estão há dois anos à espera de uma creche que nunca mais abre!" Foi desta forma que o vereador do PSD, Hugo Ribeiro, analisou o processo de instalação da anunciada creche, com 120 lugares, no edifício do Seminário do Verbo Divino, em Azurém.
Numa intervenção feita na reunião do Executivo vimaranense realizada esta segunda-feira, o representante social-democrata confrontou a maioria socialista com a demora na criação desta nova creche, anunciada em Maio de 2023, e com a evolução que levou o Município a arrendar o edifício em Setembro do ano passado para acolher outras valências ligadas à saúde, investigação e ensino.
"O Seminário do Verbo Divino vai ser ocupado por uma universidade, a Cooperativa de Ensino Superior Politécnico Universitário (CESPU), pelo Laboratório Associado de Sistemas Inteligentes, por um Observatório em Gestão e Políticas de Saúde e pelo centro de simulação médica, cuja licença a Unidade Local de Saúde do Alto Ave adquiriu à Universidade de Harvard, a convite desta, por um período de três anos", afirmou Hugo Ribeiro, lembrando declarações prestadas pelo Presidente da Câmara.
"Não teria feito mais sentido e não teria sido politicamente mais correto assegurar primeiro a posse do edifício e só depois anunciar a instalação da creche", continuou, questionando se o Município estará em condições de se comprometer com a abertura de 120 vagas para o início do próximo ano letivo, pedindo informações detalhadas sobre qual a Instituição Particular de Segurança Social (IPSS) que irá assegurar a gestão, quais as áreas que cada uma das valências irão ocupar e qual será o custo das "obras de adaptação do edifício do Seminário do Verbo Divino para fins tão diferentes daquele para que foi construído - ensino superior, investigação, creche - e quem suportará esse custo". Perguntou ainda se será o Município que vai preparar o espaço para receber a CESPU e "se existe alguma contrapartida por parte desta instituição privada pelo uso das instalações".
Na reacção, o Presidente da Câmara de Guimarães destacou o investimento municipal que permitiu o recente reforço de vagas na oferta de creches, exemplificando com o alargamento do número de lugares com a ocupação de uma antiga escola pelo Centro Social de Brito e pela criação de uma creche em Pevidém, pela Associação Vida a Cores. Domingos Bragança observou que esse apoio municipal está associado ao aumento de vagas nesta resposta social através dos projectos da Fundação Bomfim, na vila de São Torcato, da Cooperativa Mais Polvoreira, e da Associação Social de Abação e Gémeos, contando com o apoio do Município.
"Fiz um apelo a todas as IPSS para abrirem mais vagas de creche, aproveitando as oportunidades de financiamento e o apoio disponibilizado pelo Município", adiantou o Edil, ao acrescentar que já desafiou o Hospital de Guimarães e a Universidade do Minho "a criarem a sua creche". "É um apelo que faço também às empresas para criarem creches para darem resposta à necessidade de rectaguarda das famílias, em função das especificidades dos horários de trabalho", prosseguiu.
O Presidente da Câmara reiterou o interesse manifestado pelo Município na aquisição do edifício do Seminário do Verbo Divino, mas a entidade proprietária "nunca quis vender o imóvel" cujo rés-do-chão ficará afecto à creche e os outros pisos serão destinados para as outras valências.
Quanto aos encargos financeiros decorrentes da ocupação do espaço, Domingos Bragança frisou que o espaço será cedido gratuitamente à CESPU, numa lógica com o mesmo enquadramento com que o Município confia imóveis reabilitados "ao IPCA ou à Universidade do Minho". "Isto é muito bom para a competitividade do território. Tal como a creche, é também um factor de atratividade!", vincou Domingos Bragança.
A vereadora responsável pela acção social interveio na sessão, adiantando que está a ser ultimado o caderno de encargos para o lançamento do concurso público para que qualquer IPSS possa concorrer à gestão da creche. Paula Oliveira estimou que a obra para essa adaptação exiga um investimento na ordem dos 500 mil euros, estando o projecto a ser articulado com os serviços da Segurança Social.
Em declarações aos jornalistas, no final da reunião, a vereadora da acção social revelou que aquela creche não estará concluída e pronta a funcionar no próximo mês de setembro, sublinhando o investimento do Município no apoio ao reforço da oferta de creches, perspectivando atingir mil lugares no próximo ano. Aliás, oito IPSS do concelho viram aprovadas candidaturas ao Plano de Recuperação e Resiliência, com projectos que prevêem 617 novos lugares de creche até Março de 2026.
Na reunião do Executivo desta segunda-feira, todos os pontos da agenda de trabalhos foram aprovados por unanimidade.
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