Tradições e transportes

1. Na passada sexta-feira dia 11 celebrou a igreja católica a memória de São Martinho, que mais uma vez, neste outono chuvoso, veio acompanhada de sol e calor

, assim lembrando a lenda do verão de São Martinho.

Falamos de São Martinho de Tours, nascido no ano de 316 na Panónia, actual Hungria, que tendo sido alistado por seu pai no exército romano aos 15 anos tornar-se-ia mais tarde cavaleiro.

Dele é conhecido o episódio de Amiens que ocorreu em manhã de rigoroso inverno em que Martinho encontrou um pobre a tremer de frio. Desceu do seu cavalo, tomou o seu manto, e, desembainhando a espada, cortou-o ao meio dando ao pobre para se cobrir.
Na noite seguinte apareceu-lhe Jesus Cristo em visão trazendo aos ombros esse pedaço de capa e dizendo aos anjos que o acompanhavam: foi Martinho que me revestiu deste manto.

Já então catecúmeno, preparou-se para o batismo que recebeu em Amiens no ano 339. Dois anos depois deixa o exército, apesar das instâncias do imperador, declarando que era apenas soldado de Cristo. Juntar-se-ia a Santo Hilário, bispo de Poitiers, recolhendo à vida monástica fundando vários mosteiros onde se conservou até ser nomeado bispo de Tours em 371.

Martinho dedicou-se à evangelização dos povos, sobretudo os da sua diocese, na sua maioria pagãos, presos a antigas superstições.
Fundou paróquias rurais desenvolvendo-as com base nos conhecimentos tidos nos mosteiros, interveio junto dos poderosos a favor dos pobres, dos oprimidos e dos perseguidos. A sua passagem ficou assinalada pela realização de inúmeros milagres.

No passado, esta data era um dia e um tempo especial em que as famílias, as escolas e as mais diversas instituições a assinalavam com a realização dos célebres magustos, festas de alegria esfuziante vivida com intensidade por novos e velhos, as mais das vezes com o seu ponto alto em volta da fogueira, aguardando o estrondo do rebentamento das castanhas a assinalar estar prestes o momento de saborear esse fruto delicioso do castanheiro que é a castanha, acompanhada, naturalmente do vinho novo.

Estas lindas tradições têm vindo, progressivamente, a perder-se e substituídas por jantares sociais de carácter solidário.

2. O ano de 2022 fica assinalado em Guimarães como o ano da revolução dos transportes que pôs fim a longas décadas em que o sector constituía o verdadeiro parente pobre do orçamento municipal.

No seguimento da elaboração do plano de mobilidade urbana e culminando a apresentação do projeto de transportes urbanos concelhios feito pelo conceituado especialista Internacional, professor Álvaro Costa, lançou o Município de Guimarães o concurso para a concessão e exploração dos transportes concelhios por um prazo de 10 anos, concurso que veio a ser vencido por uma empresa vimaranense, e que representa um esforço de investimento na ordem dos 2 milhões de euros anuais.

Decorridos estes primeiros meses, a perceção que fica é que a taxa de ocupação dos transportes será extremamente reduzida por se ver os autocarros geralmente muito vazios.

Dado tratar-se de um dos maiores investimentos municipais será de esperar que tal investimento esteja a ser devidamente monitorizado conhecendo já o município os números verdadeiros respeitantes às taxas de utilização e até ao impacto que a sua implementação terá tido nas variações dos fluxos de tráfego concelhios.

Desconhecidos que são estes números do público em geral, mas que se perspetivam fracos, seria de acatar a proposta do grupo de vereação da coligação PSD/CDS de fornecer passes gratuitos para os cidadãos com menos de 25 anos e com mais de 65 ou, até mesmo, com a intenção de promover de forma acelerada a sua utilização, estabelecer durante um período experimental transportes gratuitos para todos, criando assim nos vimaranenses o hábito da sua utilização.

Guimarães, 15 de Novembro

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