Guimarães, Cidade de Inovação

Inicio, neste espaço, uma reflexão sobre a visão de futuro de Guimarães, pela área da Inovação, que enunciei no meu primeiro artigo.

Entendo que esta visão é central na estratégia de desenvolvimento do tecido económico e social do território, e faço, desde já, uma declaração de interesses: é uma área atualmente sob minha responsabilidade na vereação municipal, e, acima de tudo, é a minha área de formação académica e de maior experiência profissional.
Nos dias de hoje, Guimarães tem todas as condições de base fundamentais para se afirmar enquanto Cidade de Inovação, podendo projetar-se numa escala supranacional através desta dimensão. Senão vejamos. Existem, neste território, três instituições de Ensino Superior de elevada qualidade: a Universidade do Minho, o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave e a Universidade das Nações Unidas. Além da importância intrínseca do Ensino de nível superior, podemos acrescentar os inúmeros centros de investigação e interfaces que delas emanam, que dotam o território de produção de conhecimento, investigação e desenvolvimento e registo de patentes.


Para além deste ecossistema de inovação centrado na Academia, acresce ainda um contributo decisivo do tecido económico empresarial, através da Investigação e Desenvolvimento gerados no seu seio, e da reconversão das empresas com base na Inovação dos métodos de fabrico, acrescentado valor às suas produções. Guimarães é um dos concelhos com melhor balança comercial do país, e tem hoje uma Indústria apelidada de tradicional, mas completamente assente em inovação e em tecnologia de ponta.
A estas condições de base do território, devo ainda acrescentar o papel do Município em três eixos fundamentais: na Modernização da Administração Pública, nos projetos-piloto de inovação em tecnologias que capacitam o território e na interligação entre os diferentes agentes de mudança elencados para a transferência de conhecimento entre economia, academia e a sociedade.

Posto isto, olhando o futuro e os seus principais desafios, importa seguir na senda da afirmação de Guimarães enquanto Cidade de Inovação, para que, mais do que uma das cidades que mais aposta nesta dimensão, possamos mesmo ser um exemplo maior ao nível nacional. Entendo que os principais desafios são o da diversificação do tecido económico, o da valorização dos salários, do valor acrescentado do tecido produtivo e o da captação e retenção de quadros qualificados e especializados.
É nesta ótica que surge o projeto “Fábrica do Futuro”, numa parceria entre Município, Universidade, Empresas e Centros de Conhecimento, um projeto que procura concentrar espacialmente, e do ponto de vista das sinergias, todo o ecossistema de inovação, dotando-o de capacidade para transformar o tecido económico através da ciência e investigação.

Dadas as suas condições de base, considero relevante o acompanhamento deste projeto, pois os passos significativos que poderá dar, contribuirão, decisivamente, para dar resposta capaz a todos os principais desafios de futuro identificados.
Na senda da diversificação do tecido empresarial, identificam-se ainda condições únicas para posicionar Guimarães em áreas inovadoras e de futuro, que contribuam para o objetivo macro em que assenta esta visão. São eles a Engenharia Aeroespacial, a Ciência dos Dados, a Bioengenharia e Biomateriais, a Saúde e o Bem-Estar. Ainda que sem a mesma expressão do ponto de vista da Academia, mas com grande fulgor do lado empresarial, acrescento também a Agricultura, enquanto área a ter em conta nessa visão de futuro.
São conhecidos os centros de investigação e as condições únicas para a formação de quadros de futuro, sendo agora fundamental que o fulgor do investimento privado, e as sinergias com o tecido económico, continuem a produzir resultados na criação de empresas de valor acrescentado sedeadas no nosso concelho. Lembre-se, a este propósito, a sequência dada pelo Município de Guimarães à sua tradição de investimento público na criação dessas condições: com a obra da Fábrica do Arquinho, passaremos a dotar a Engenharia Aeroespacial e Ciência dos Dados de condições superlativas, e, em parceria com instituições como o CEIIA, ou com projetos transformadores como o Space4cities, Guimarães colocar-se-á na linha da frente desta aposta de futuro.

Estas são razões de sobra para acreditar que temos todas as condições para ser a Capital portuguesa da Inovação. Haja continuidade e visão de futuro para o atingir.


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